quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Tereré e Mato Grosso do Sul


Vamos conversar um pouco sobre identidade. Proponho que o MS tem dois símbolos identitários: o boi e o tereré. O primeiro está relacionado ao transporte da erva-mate no contexto de sua exploração em escala comercial pela Companhia Matte-Laranjeira, assim, ambos expressam a história econômica desta parcela do estado, pelo menos dos 1.440.000 ha de ervais nativos arrendados por esta empresa de capitais argentinos. Pra começar a conversa, e a roda de tereré, pergunto: por que esta bebida é um símbolo identitário histórico sul-matogrossense? Alguém já assistiu o documentário Ca'á da Lou Bigatão?

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Revolução Cubana

Cronologia
1898 - libertação do domínio espanhol;
1901 – Emenda Platt;
1940-1944 e 1952-1959 – Projeção de Fulgêncio Batista;
1958 – Ditadura de Fulgêncio Batista perde o apoio da burguesia açucareira;
1953 – Ataque frustrado ao quartel de Moncada;
1956 – Exílio de Fidel no México;
1961 – Pronunciamento público de Fidel anunciando o caráter socialista da Revolução;
1962 – Expulsão de Cuba da OEA;

Quem é quem
Raul Castro
Fidel Castro
Ernesto Che Guevara
Camilo Cienfuegos
John Kennedy
Orvile Platt

Introdução
Cuba conquistou sua identidade e amadureceu guiada por patriotas como o poeta José Martí e, em 1959, primeiro país socialista das Américas: por força dessa opção, na última década do século XX, ao se esfacelar a União Soviética, que lhe dava apoio, viveu em posição de isolamento. A República de Cuba é formada por cerca de 3.175 ilhas e ilhotas. O país tem superfície total de 110.922 km2 e está situado ligeiramente ao sul do trópico de Câncer. A ilha de Cuba é a maior do grupo e ocupa sozinha uma área de 105.007 km2, o que perfaz quase 95% da terra firme de todo o arquipélago. Sua forma é alongada e orienta-se de noroeste para sudeste ao longo de cerca de 1.250km. A largura varia de 31 a 191km. Outra ilha importante é a da Juventude, antes ilha de Pinos (dos Pinheiros). O estado da Flórida, nos Estados Unidos, fica a 145km de distância. O acidente orográfico mais notável é a Sierra Maestra, cadeia de montanhas com extensão de 250km, entre o cabo Cruz e a baía de Guantánamo, a sudeste. O pico Turquino, com 1.974m, é seu ponto culminante. Situada em região tropical e influenciada pelo centro de altas pressões do Atlântico norte, Cuba compreende duas zonas climáticas distintas: a planície seca e a área exposta aos ciclones. O clima dominante na maior parte do arquipélago registra temperaturas que oscilam entre 22,5o C em janeiro e 27,8o C em agosto. O índice pluviométrico é de aproximadamente 1.380mm, adequado para as extensas plantações de cana-de-açúcar, café e fumo. A estação chuvosa se estende de maio a novembro, quando também ocorrem violentos furacões. O rio mais importante é o Cauto, que desemboca no sul, depois de percorrer 250km, dos quais oitenta são navegáveis. Grande parte da vegetação original foi substituída pelas plantações de cana-de-açúcar, café e arroz. O pinho, o mogno e o ébano, exportados, são de boa qualidade. Tipos raciais e língua. Durante mais de quatro séculos Cuba foi base de grupos étnicos de diferentes procedências. Os descendentes de espanhóis e de negros africanos são os grupos raciais predominantes, mas também há chineses, judeus europeus e libaneses, entre outros. Os habitantes pré-colombianos procediam do continente sul-americano, sendo os cibonéis um dos grupos étnicos mais antigos. Estima-se que pouco antes da chegada de Cristóvão Colombo, os taínos, procedentes da península venezuelana de Paria, se estabeleceram não somente em Cuba, mas também no resto das Antilhas e nas Bahamas, desenvolvendo uma agricultura primitiva. Este último povo, pertencente ao grupo aruaque, constituía por si só entre setenta e oitenta por cento da população no início do século XVI. Ao reduzir-se, a população indígena logo foi substituída por negros africanos, empregados principalmente nos grandes canaviais. Na maior parte, procediam do Senegal e da costa da Guiné, podendo detectar-se em suas origens étnicas a presença de elementos da cultura ioruba e banto. Muito depois da abolição da escravatura, entre 1919 e 1926, cerca de 250.000 trabalhadores negros provenientes do Haiti e da Jamaica foram contratados para trabalhar nas plantações de açúcar e, em sua maioria, estabeleceram-se definitivamente na ilha. Sua influência cultural, especialmente na música e na dança, tornou-se determinante. A exemplo do Brasil e de outras partes da América Latina, em Cuba ocorreu intensa miscigenação racial, de modo que há vários séculos a população mestiça, em maior ou menor grau, passou a ser mais numerosa que todas as raças, à exceção da branca. Todavia, com a diminuição das taxas de mortalidade da população total e a redução da natalidade dos brancos, esta diferença reduziu-se significativamente. A população européia, representada principalmente pelos imigrantes espanhóis, chegou a constituir três quartos do total. Sua influência nos usos e costumes, assim como na evolução política e econômica da sociedade, caracteriza a história cubana, seu folclore e suas tradições culturais. O componente asiático está presente em apreciável proporção, sobretudo devido à imigração de trabalhadores chineses entre 1853 e 1874 e, mais tarde, na década de 1920. A grande maioria era composta de homens oriundos da região de Cantão. O espanhol é o idioma oficial de Cuba e não há dialetos locais diferenciáveis. Algumas palavras indígenas, como hamaca (rede de dormir) e muitas outras, enriqueceram o espanhol local, assim como o suave acento e entonação usados pelos cubanos. Estrutura demográfica. Na segunda metade do século XX, a população registrou mais de dois por cento de crescimento vegetativo anual, principalmente devido ao rápido decréscimo das taxas de mortalidade e ao elevado índice de natalidade, sobretudo nos extratos sociais inferiores. Desde 1960, porém, mais de um milhão de pessoas abandonaram o país por motivos políticos. A evolução demográfica posterior tendeu a compensar os desequilíbrios regionais, sendo maior o crescimento nas províncias escassamente povoadas que nas grandes cidades. Além da capital, Havana, outras cidades importantes são Santiago de Cuba, Camagüey e Holguín, nas províncias homônimas; Santa Clara, capital da província de Villa Clara; Guantánamo, Cienfuegos e Matanzas, nas províncias de mesmo nome; Bayamo, capital de Granma; e Vitoria de Las Tunas.

Economia
Desde a revolução de 1959 a economia cubana sofreu profundas reestruturações, que afetaram mais fortemente a distribuição de renda do que a produção. Todas as atividades econômicas realizadas no país são planificadas pelo Partido Comunista de Cuba. Quase todas as empresas são públicas, exceto pequenas propriedades agrícolas. A instituição econômica mais importante é a Junta Central de Planejamento, cujo responsável máximo é o ministro da Economia. Agricultura. O solo cubano é muito fértil. Cultivado corretamente, permite obter duas ou mais colheitas anuais de diversos produtos. O regime de chuvas é muito variável. A construção de grandes barragens, no entanto, promovida intensamente a partir da década de 1960, diminuiu a importância das variações sazonais. As águas subterrâneas constituem também importante recurso para a agricultura e a indústria. A importação de tratores e outros implementos agrícolas permitiu melhorar a produção. O principal produto agrícola de Cuba é o açúcar, de que fabricava, na segunda metade do século XX, aproximadamente oito milhões de toneladas anuais. A exportação de açúcar, junto com a de arroz, fumo, café, cítricos etc., busca compensar a necessidade de importação de grandes quantidades de laticínios, algodão etc., em que o país é deficitário. Energia e minérios. Cuba não produz petróleo em quantidade satisfatória para o consumo. No entanto, do ponto de vista do comércio exterior pôde ser considerada durante algum tempo um país exportador de petróleo, devido à ajuda econômica que recebia da extinta União Soviética, principalmente em forma de petróleo, parte do qual repassava ao mercado internacional. Os recursos minerais próprios da ilha são o níquel, o cromo, a magnetita (minério de ferro), o manganês e o cobre. Indústria e comércio. O processamento, muitas vezes artesanal, dos diversos produtos cultivados na ilha, sobretudo a cana-de-açúcar e o fumo, constitui a principal atividade fabril. O estado realizou fortes investimentos na indústria pesada, em fábricas de cimento, centrais elétricas e maquinaria agrícola. Durante a primeira metade do século XX, quase três quartos das importações cubanas procediam dos Estados Unidos. Dois anos depois da revolução, em 1961, esse comércio caiu para quatro por cento, desaparecendo por completo sob o bloqueio comercial imposto pelo governo americano.

Transportes
Desde meados do século XIX, a frota mercante cubana se multiplicou mais de vinte vezes, ao ritmo dos intercâmbios comerciais do país. As autoridades se esforçaram para que pelo menos a metade das mercadorias que entram e saem dos portos nacionais fossem transportadas em barcos de bandeira cubana. A primeira estrada de ferro cubana, inaugurada em 1837, unia as cidades de Havana e Bejucal, sendo a primeira das Américas fora dos Estados Unidos. Na década de 1980 havia mais de 12.000km de vias férreas, mais da metade destinados à ligação das plantações de cana com as fábricas de açúcar. A partir de 1960, foi sensivelmente incrementado o transporte rodoviário. Na década anterior, o número de automóveis importados era muito maior que o de caminhões e ônibus, tendência que se inverteu nos vinte anos seguintes, para adequar-se às metas do desenvolvimento. A principal rodovia atravessa a ilha em quase toda sua extensão. O transporte aéreo está a cargo da Empresa Consolidada Cubana de Aviação, responsável pelos vôos entre diferentes cidades da ilha e pela ligação de Havana com diversas cidades européias, americanas e africanas. A rota Moscou-Havana, coberta pela empresa russa Aeroflot, é o vôo regular sem escalas mais longo do mundo.

História
Antes do descobrimento da América por Cristóvão Colombo, em 1492, os cibonéis e os guanahatabeys habitavam o oeste de Cuba, enquanto que os taínos ocupavam o restante, incluindo-se algumas outras ilhas do arquipélago. Regime colonial. Cuba foi avistada por Colombo em sua primeira viagem, em 27 de outubro de 1492. Depois de batizá-la com o nome de Juana, adotou a versão castelhana dos topônimos indígenas Coabaí ou Cubanacán, que designavam respectivamente a ilha e uma aldeia no interior. Em 1511, Diego Velázquez fundou o primeiro assentamento em Baracoa, com cerca de 300 espanhóis. Nas primeiras décadas de colonização, a exploração de ouro se revelou pouco rentável e contribuiu para que se dizimasse a população indígena, obrigada a trabalhar nas minas. Logo a ilha se converteu em ponto de escala e aprovisionamento das numerosas expedições que os espanhóis realizaram à Flórida, à península de Yucatán e à costa do golfo do México, em busca de metais preciosos. As principais dificuldades que os colonos espanhóis tiveram de enfrentar foram as epidemias, os furacões e os ataques de piratas e navegadores de outros países europeus, que tratavam de estabelecer seus próprios assentamentos na ilha, com a intenção de obter portos livres para seu comércio. A frota espanhola fazia a ligação de quase toda a América hispânica com a metrópole através de Cuba, o que aumentou a importância comercial e estratégica da ilha. Ao longo do século XVIII intensificou-se o desenvolvimento agrícola, que dependeu cada vez mais de plantações de cana-de-açúcar e dos escravos africanos. Cuba foi um dos poucos territórios hispânicos da América que permaneceram fiéis à metrópole depois da invasão francesa da península ibérica. Em 1821 surgiu um movimento de independência, mas seus mentores, entre os quais o poeta José Maria de Heredia, foram presos e punidos. Na segunda metade do século XIX, a indústria açucareira cubana converteu-se na mais moderna do mundo e chegou a responder por mais de um terço da produção mundial. No entanto, a enorme extensão das plantações de cana levou ao desflorestamento de grande parte da ilha. Independência. A prosperidade agrícola de Cuba atraiu o interesse dos Estados Unidos (especialmente dos estados escravistas do sul), que chegaram a realizar várias propostas econômicas ao governo espanhol para que cedesse sua soberania sobre a ilha. Em 10 de outubro de 1868, eclodiu a primeira guerra de independência cubana, com o "grito de Yara", protagonizado por Carlos Manuel de Céspedes. A guerra, chamada dos dez anos, concentrou-se na região oriental, onde as crueldades do exército espanhol provocaram o apoio da população aos insurretos. Céspedes foi o primeiro presidente da "república em armas", cujos representantes redigiram uma constituição e receberam o reconhecimento de vários governos latino-americanos. A superioridade das forças espanholas e a promessa de reformas por parte do general Arsenio Martínez Campos debilitaram o movimento e, em fevereiro de 1878, a guerra acabou com um acordo de paz. Muitos cubanos, entre os quais o líder nacionalista Antonio Maceo, se negaram a aceitar as condições oferecidas e continuaram a luta. Várias organizações políticas e ativistas no exílio, coordenadas pelo poeta José Martí, chamado pelos cubanos "o apóstolo", organizavam a propaganda contra o domínio espanhol, dirigindo-se tanto à população nativa como às potências estrangeiras. A guerra recomeçou em 24 de fevereiro de 1895, com o "grito de Baire" e estendeu-se rapidamente por toda a ilha. Morreram muitos civis, povoados e cidades foram destruídos. Sob o pretexto de inexplicável explosão no encouraçado americano Maine, atracado no porto de Havana, em 25 de abril de 1898 os Estados Unidos declararam guerra à Espanha. A armada americana obteve rápida vitória e o governo espanhol foi obrigado a firmar um protocolo de paz em Washington, em agosto do mesmo ano. Pelo Tratado de Paris, firmado em 10 de dezembro, a Espanha cedeu aos Estados Unidos os territórios de Cuba, Porto Rico, Guam e as Filipinas. A ocupação americana de Cuba se prolongou desde o primeiro dia de janeiro de 1899 até 20 de maio de 1902, período em que os governadores gerais John Brooke e Leonard Wood tentaram adaptar a ilha às políticas econômica e cultural que então prevaleciam nos Estados Unidos. Em 1901 foi promulgada uma constituição a que os americanos agregaram a chamada emenda Platt, pela qual se reservavam o direito de intervir na ilha em determinadas circunstâncias e de supervisionar seus tratados internacionais, assim como sua política econômica e de assuntos internos. Além disso, a nova República de Cuba cedeu aos Estados Unidos as bases navais de Baía Funda (devolvida em 1913) e Guantánamo. Primeira década da República de Cuba. A administração republicana começou em 20 de maio de 1902, com o governo de Tomás Estrada Palma, primeiro presidente de Cuba independente, notável por sua honradez e seu interesse pela educação pública. Sua intenção de permanecer no poder depois das eleições de 1906 deu lugar à segunda ocupação da ilha pelos americanos, em 29 de setembro desse ano. No final do governo corrupto do general José Miguel Gómez (1909-1912), as tropas governamentais sufocaram manifestações e protestos na parte oriental da ilha, quando morreram mais de três mil pessoas. Seguiram-se os governos de Mario García Menocal (1913-1921), Alfredo Zayas (1921-1925) e Gerardo Machado (1925-1933), que no segundo mandato se tornou ditador. Seu sucessor, Carlos Manuel de Céspedes y Quesada, foi derrubado pelo golpe militar (4 de setembro de 1933) liderado pelo sargento Fulgencio Batista e pelo professor Ramón Grau San Martín. Em 1934, Grau se viu obrigado a renunciar e se sucederam vários governos provisórios em que Batista manteve o poder de fato, assumindo a presidência constitucional de 1940 a 1944. Seguiram-se dois períodos de governo democrático, com Grau San Martín (1944-1948) e Carlos Prío Socarrás (1948-1952), que sofreu novo golpe militar encabeçado por Batista (1952): este, em regime de crescente corrupção e violência, manteve-se no poder até 1958. A revolução. A quartelada de 1952 fora bem recebida pelo governo americano, que viu em Fulgencio Batista um instrumento mais maleável que os políticos anteriores, de tendência nacionalista. Batista tratou de consolidar seu regime mediante manobras que lhe deram aparência de legalidade. Ainda assim, seu regime ganhou cada vez mais opositores e manifestaram-se diversos movimentos revolucionários, mesmo dentro das forças armadas. A contestação era especialmente forte entre os universitários, os profissionais liberais e as classes médias. Finalmente, o jovem advogado Fidel Castro, que tentara sem êxito tomar o quartel de Moncada, em Santiago de Cuba (1953), logrou estabelecer um núcleo guerrilheiro em Sierra Maestra (1956) e células ativistas nas cidades que, junto com outros movimentos, provocaram a queda do regime de Batista em 31 de dezembro de 1958. Em 1º de janeiro de 1959, Fidel Castro assumiu o controle da ilha. Os projetos de seu Movimento 26 de Julho estavam pouco definidos e, embora já contassem com grande apoio no país, só em 1961 as organizações revolucionárias se fundiram no Partido Unido da Revolução Socialista, que em 1965 passou a denominar-se Partido Comunista de Cuba. Durante esses anos, a organização do estado se configurou segundo o modelo soviético, o que representou a implantação do primeiro regime socialista das Américas. Depois de um primeiro período preparatório, o objetivo definido do regime foi a abolição do capitalismo, compreendendo a eliminação dos inimigos, civis ou militares, que permanecessem fiéis a postulados ou instituições anteriores à revolução e a sabotassem ou combatessem: julgados sumariamente por tribunais populares, muitos desses adversários do novo governo foram condenados ao paredón, isto é, executados por fuzilamento. A nacionalização dos investimentos e propriedades estrangeiros, que no caso dos Estados Unidos elevaram-se a centenas de milhões de dólares, provocou uma série de medidas por parte do governo americano, como o apoio à tentativa de invasão de abril de 1961 na baía dos Porcos, o bloqueio comercial e o fomento de diversas conspirações para derrotar os revolucionários. Em dezembro de 1961 Fidel Castro proclamou suas convicções marxistas-leninistas, reafirmando o caráter socialista da revolução cubana. A partir de então firmaram-se numerosos acordos de cooperação entre Cuba e a União Soviética, que se comprometeu a adquirir um milhão de toneladas de açúcar por ano durante pelo menos cinco anos, bem como a proporcionar um crédito equivalente a cem milhões de dólares em condições extremamente favoráveis. A escalada da tensão entre os Estados Unidos e Cuba foi antes de tudo comercial, com o boicote aos produtos cubanos e a proibição de exportações, à exceção de alguns medicamentos. O rompimento das relações diplomáticas efetuara-se em janeiro de 1961, por iniciativa do presidente Eisenhower. Em 1962, a União Soviética começou a instalar em solo cubano mísseis nucleares de médio alcance. Apesar do sigilo com que se procedeu à operação, os Estados Unidos a descobriram. O presidente Kennedy ordenou o bloqueio naval da ilha e a adoção de um plano de invasão que seria automaticamente levado a cabo se Cuba recebesse alguma outra ajuda militar soviética. A União Soviética decidiu retirar os mísseis e interromper a construção de seus silos em troca de uma promessa do presidente americano de que a ilha não seria invadida. As pressões do governo americano contra o regime de Fidel Castro em todos os foros internacionais conseguiram, em janeiro de 1962, que o país fosse expulso da Organização dos Estados Americanos (OEA), sob a alegação de incompatibilidade entre sua orientação socialista e os objetivos da entidade. Posteriormente, devido ao apoio explícito que os cubanos proporcionavam a grupos empenhados em fazer triunfar a revolução socialista em diversos países latino-americanos, a maior parte destes também rompeu com Cuba. Tanto na conferência tricontinental dos povos da Ásia, África e América Latina, de 1966, como na de solidariedade latino-americana de 1967, ambas celebradas em Havana, os partidos comunistas latino-americanos, a exemplo do soviético e dos países do leste europeu, mostraram-se contrários às teses defendidas por Fidel Castro, em que admitia a legitimidade do uso da violência com fins revolucionários. Em outubro de 1967 morreu na Bolívia Ernesto Che Guevara, um dos maiores colaboradores de Fidel Castro e figura legendária da militância marxista. Em 1973 Cuba se viu obrigada a renegociar a enorme dívida contraída com a União Soviética, que se comprometera a adquirir oitenta por cento da produção cubana de açúcar e a subsidiar petróleo, aço e outros recursos estratégicos. Em 1975 foi suspenso o veto da OEA, o que ampliou as possibilidades de projeção diplomática do país. Em 1979, Castro visitou o México -- que jamais rompera relações formais com Cuba -- e em 1980 o presidente mexicano José López Portillo foi recebido em Havana. Pela constituição promulgada em 1976, Fidel Castro convertera-se em presidente do Conselho de Estado, cargo equivalente ao de chefe de estado, que acumulava com os de comandante-em-chefe das forças armadas, primeiro-ministro e secretário-geral do Partido Comunista de Cuba. Em 1980, Castro autorizou o êxodo de aproximadamente 125.000 cubanos, que foram recebidos pelos Estados Unidos. Nos dez anos seguintes, estimava-se que o governo de Cuba mantinha algumas dezenas de milhares de assessores militares em países como a Etiópia e Angola. Com os países latino-americanos, Cuba teve uma exitosa política de aproximação, especialmente com o Brasil, Argentina, Peru e Uruguai. Depois da dissolução da União Soviética, em 1990, e o fim do bloco socialista, o isolamento cubano se acentuou e suas importações e exportações caíram drasticamente. Internamente o país também se ressentiu da perda do apoio internacional. Alimentos, combustível e outros bens de consumo essenciais escasseavam, provocando descontentamento na população. Em 1994, com a persistência do embargo americano apesar da resolução aprovada no ano anterior pela Assembléia Geral das Nações Unidas, que exortava os Estados Unidos a suspenderem o boicote, a situação interna de Cuba tornou-se calamitosa. Milhares de cubanos passaram a abandonar a ilha em embarcações precárias, com o objetivo de alcançar a costa americana da Flórida. Com a lei Burton-Helms, os Estados Unidos tentaram, em 1996, forçar seus aliados europeus a participar do boicote comercial a Cuba. Sociedade Uma das primeiras medidas sociais empreendidas pelo governo revolucionário foi a erradicação do analfabetismo. Ao longo de 1961, declarado ano da educação, mais de 700.000 cubanos aprenderam a ler e a escrever. Nos anos seguintes, o analfabetismo foi erradicado e aumentou incessantemente o número de estudantes universitários, que chegou a ser três vezes superior ao dos tempos de Fulgencio Batista. A assistência médica tornou-se completamente gratuita, o que fez reduzir-se significativamente o índice de mortalidade do país. O Ministério da Saúde passou a obrigar os médicos a trabalhar pelo menos dois anos nas zonas rurais depois da formatura. Antes da revolução, a terra cubana pertencia a empresas latifundiárias nacionais e estrangeiras. A reforma agrária extinguiu o latifúndio e instalou cooperativas e estabelecimentos agropecuários estatais. Por sua vez, a lei de reforma urbana tornou possível a muitas famílias possuírem casa própria, pagando ao estado baixas mensalidades durante período de cinco a vinte anos. Corrupção, jogo e prostituição, comuns antes da revolução, foram objeto de uma forte campanha de erradicação, acompanhada de severas medidas policiais que procuraram impedir, entre outras coisas, o desenvolvimento de um mercado negro para comerciar com muitos dos bens que escassearam sob as severas medidas de política econômica adotadas. Grandes investimentos públicos eliminaram o alto índice de desemprego e verificou-se o equilíbrio entre o dinheiro em circulação e os bens disponíveis, pelo que foram racionados muitos dos bens de consumo. A religião tradicionalmente predominante em Cuba é a católica, embora, especialmente entre a população negra, se tenha difundido um sincretismo religioso semelhante ao do Brasil e de outros países latino-americanos, com cultos a divindades africanas formalmente identificadas com santos católicos. No princípio da década de 1960, a Igreja Católica e o estado se enfrentaram abertamente: a igreja procurou impedir a completa estatização da educação, enquanto o governo a acusava de contra-revolucionária. Muitos sacerdotes e religiosas abandonaram o país, outros foram deportados. Desde 1965, porém, o governo e a igreja melhoraram suas relações e cooperam estreitamente em muitos projetos, especialmente de caráter social. Cultura A vida cultural cubana foi profundamente transformada, pois o governo considerou esse aspecto um dos mais importantes da revolução. No passado, as manifestações artísticas estavam limitadas ao que as elites realizassem em Havana. A partir da revolução, o governo empenhou-se em difundir a cultura nas províncias, assim como em dotá-la de uma personalidade nacionalista, usando-a muitas vezes como veículo de propaganda da revolução, tanto no país como no exterior. Literatura. O modernismo se iniciou com José Martí e Julián del Casal e se desenvolveu com Dulce María Borrero, Juan Guerra Núñez e Alfonso Hernández-Catá. José Martí firmou-se como figura maior da nacionalidade, tanto por sua participação política na independência, como por sua obra em poesia e prosa. Depois da revolução, toda publicação literária centralizou-se no Instituto do Livro, organização que chegou a editar dezenas de milhões de volumes por ano. Cerca de setenta por cento desses livros são obras de consulta ou de caráter técnico e científico, muitas delas distribuídas com fins educativos. A imprensa está nas mãos do governo, sendo suas principais publicações o Granma (nome do barco de que desembarcou Fidel Castro para chefiar a revolução), jornal oficial do Partido Comunista de Cuba, e Juventud Rebelde, órgão oficial da União de Jovens Comunistas. Nas últimas décadas, novas gerações de escritores, em geral jovens, criaram uma literatura de qualidade e politicamente comprometida. De outro lado, também foi produzida uma literatura cubana no exílio, como a de Guillermo Cabrera Infante, e inclusive nas prisões, como é o caso do poeta Armando Valladares. Cuba é quatro vezes maior que a Bélgica, aproximadamente 110 mil quilômetros quadrados e 10.420.000 habitantes em 1988. A maior ilha do Mar das Antilhas. Último país latino-americano a libertar-se da tutela espanhola. De 1820 a 1898, ano da independência, a Espanha fez reinar o terror na ilha e isto fez a luta pela independência se ampliar sob José Martí. Cuba era um grande produtor mundial de açúcar e café. As crises econômicas mundiais de 1857 e de 1866 fizeram um grande estrago na economia cubana. A coroa espanhola não deixava de aumentar os impostos, mantendo Cuba como mera fonte de ingressos fiscais e um mercado para obter fabulosos lucros. Em 1898, com a Guerra Hispano-Americana Cuba obteve sua independência . O couraçado Maine dos Estados Unidos foi misteriosamente incendiado em Cuba. Com este incêndio, os Estados Unidos entraram em Guerra com a Espanha. Com o fim da guerra e o Tratado de Paris, Cuba tornou-se uma nação independente. José Martí ainda adolescente se entregou à luta pela independência. Defendia as aspirações de democracia e justiça social das camadas populares e a unidade de toda a América, com o objetivo de desenvolvimento independente e contra a voracidade dos Estados Unidos, que segundo ele, “nos desprezava”. Martí queria uma Cuba livre sem grandes desigualdades econômicas e sem escravidão. Infelizmente deixou de ser uma colônia espanhola para ser uma neocolônia americana. Em 1902 o senado americano aprovou a Emenda Platt que dava aos Estados Unidos o direito de intervir em Cuba sempre que julgassem conveniente e de usurpar pedaços do solo cubano, sempre que desejassem. Este emenda permitiu a construção da base de Guantánamo, que até hoje mantêm na ilha. A Emenda Platt, colocada na constituição cubana, só foi revogado em 1934. Esse neocolonisliamo só ocorreu porque os Estados Unidos tinham o apoio de determinadas camadas sociais cubanas, como, por exemplo, os grandes latifundiários latifundiários, a grande burguesia açucareirae a grande burguesia comercial exportadora. (OLIGARQUIA CUBANA) República oligárquica e neocolonial Cuba foi um dos países que menos resistência opôs à sua integração econômica como satélite dos Estados Unidos. Durante a ditadura de Gerardo Machado (1925-1933), era virtualmente uma colônia americana. Tinha investimentos americanos da ordem de 1 bilhão de dólares e era totalmente dependente dos Estados Unidos, de quem importava 79 por cento do que consumia e para quem exportava 75 por cento do que produzia. Os bancos americanos eram os principais credores e as oligarquias eram os sócios menores da espoliação. Os anos de 1930 e 1940 assistira a subida de Fulgêncio Batista, antigo sargento do Exército Cubano. Em 1952, Batista, que perdeu o poder em 1944, derrubou o governo de Prío Socarras e instaurou uma ditadura implacável e transformou Cuba no Bordel da América. A república caracterizava-se pelo atraso econômico pelo analfabetismo, pela insalubridade, pela proliferação do jogo, pela prostituição e pela mendicância. A falta de respeito pelos direitos humanos mais elementares tornavam o governo cubano uma das piores ditaduras da América Latina. O povo cubano estava desmoralizado e ainda tinham de ouvir argumentos como os americanos eram ricos e desenvolvidos porque eram trabalhadores, brancos e anglo-saxões; os cubanos eram pobres e subdesenvolvidos porque eram preguiçosos, apáticos mestiços. Em 1958, às vésperas da revolução Cuba tinha centenas de bordéis de luxo, cassinos controlados pela máfia americana, associada à funcionários do governo. Além disso, 90 por cento das minas, 40 por cento da indústria do açúcar e 50 por cento das ferrovias pertenciam aos americanos. Durante a ditadura de Fulgêncio que Fidel Castro Ruz, filho de grandes proprietários rurais iniciou sua luta. Em 1953, juntamente com um grupo de estudantes atacou o quartel instalado em Moncada. Preso, foi processado e julgado, em 16 de outubro de 1953. Em seu julgamento pronunciou o discurso de defesa, conhecido como a história me absolverá, no qual se declara discípulo de José Martí. A Revolução Socialista Condenado à prisão, Fidel Castro, devido às pressões internacionais, foi libertado e exilado no México.lá com 36 companheiros,entre os quais o argentino Che Guevara, embarcou no navio Granma para Cuba, onde, na Sierra Maestra, os sobreviventes do desembarque, que eram apenas doze, deram início à guerra de guerrilha contra a ditadura de Fulgêncio Batista. O programa política de Fidel Castro se resumia à Reforma Agrária. O companheiro Che Guevara e o irmão Raul Castro já eram marxistas. Fidel era o mais instintivo e condutor de homens; Guevara era o mais lúcido e melhor conhecedor da teoria revolucionária de tradição marxista-leninista. A coluna comandada por Guevara foi a primeira a entrar em Havana em 1º de janeiro de 1959, Batista fugiu para a República Dominicana. A vitória derrubou Batista e abriu caminho para a discussão dos futuros do regime. Tanto os assalariados rurais das usinas de açúcar quanto os operários assumiram o controle das respectivas empresas, improvisando novas formas de gestão econômica. O novo regime depressa se chocou com os interesses americanos: nacionalização das empresas, reforma agrária feitas também em latifúndios de empresas americanas. O socialismo ia nascendo pela ação simultânea das iniciativas populares e dos atos governamentais. Várias coisas surpreenderam os americanos: o sucesso dos guerrilheiros românticos, o surgimento de uma nação socialista exatamente onde menos se esperava, a determinação irredutível daqueles jovens na fixação de critérios populares na reordenação da sociedade cubana e finalmente o risco que este precedente representava para os interesses americanos na América Latina. Os Estados Unidos utilizaram vários expedientes para derrotar a revolução: pressões diplomáticas, agressões econômicas, organização, direção e comenda da contra-revolução interna e a realização de sabotagens, conspirações e planos para atentar contra a vida de Fidel Castro, o desembarque de anti-castristas na Baía dos Porcos em 1961, etc. tudo isto longe de desencorajar os revolucionários, aumentou a sua determinação. Em 16 de Abril de 1961, Fidel proclamou o caráter socialista da revolução. A organização do novo poder O traço marcante da Revolução Cubana é a fidelidade ao povo.

Fontes
CHAUNU, Pierre. História da América Latina.
BETHELL, Leslie. História da América Latina. São Paulo: Edusp.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Campo Grande 110 Anos de Identidade em Construção

O arraial de Santo Antônio de Campo Grande surgiu em 1879, fruto da busca de terras devolutas e gado vacum que abundava nesta região dos campos de vacaria, após a Guerra do Paraguai. Configurou-se assim, uma característica que ainda acompanha a cidade que é a forte presença de imigrantes. A data comemorativa de 26 de agosto faz referência à emancipação, ocorrida em 1899, já no período republicano. O primeiro núcleo se estabeleceu a partir de roçados na confluência dos córregos Prosa e Segredo, na altura do atual Horto Florestal, margem direita do Prosa, hoje canalizado. Os batalhões de voluntários da Pátria e a Retirada da Laguna, durante a guerra foram os responsáveis por divulgar as possibildiades econômicas da terra na região de Monte Alegre - MG, donde partiram os colonizadores liderados por José Antônio Pereira. A região de terras devolutas já era habitada há pelo menos mil anos por populações autóctones raramente mencionadas nos cronistas, normalmente ligados aos colonizadores, como é o caso do livro O Município de Campo Grande, escrito pelo intendente Rosário Congro em 1919. Tradicionalmente, desde o século XVII, a região é passagem de bandeirantes e sertanistas, seguindo os cursos do Anhanduí e Pardo, em busca de ouro e na ausência deste do negro da terra, no caso os indígenas coxiponés num movimento que se intensificou a partir de 1718 com o estabelecimento das efêmeras minas de Cuiabá. Mais informações em www.ampulhetta.org

sábado, 13 de junho de 2009

Rubim Santos Leão de Aquino

Formou-se na década de 1960 pela Faculdade Nacional de Filosofia, atual UFRJ, tornou-se professor de história do ensino médio no Rio de Janeiro. Como muitos de sua geração, iniciou a carreira no magistério em cursinhos pré-vestibulares, passando depois a acumular esta atividade com aulas em alguns dos principais colégios da rede privada da cidade. Em fins dos anos 70, esteve à frente da equipe que publicou História das Sociedades Americanas, livro didático de grande repercussão junto ao professorado e aos alunos de ensino médio, que hoje se enocntra na 49a. edição. Seguidor da corrente teórica latinoamericanista e do método marxista em sua obra crítica considera que a velha historiografia torna as revoluções na América apáticas e romanceadas.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O Êxodo Decifrado

O título em inglês do documentário é The Exodus Decoded, ano 2006, duração 95min, dirigido por Sincha Jacobovici e tem James Cameron como produtor executivo. Propõe uma revisão da cronologia tradicionalmente aceita para o Êxodo, 1270 a.C sob Ramsés para 1500 a.C sob o faraó Ahmose. O Documentário pode ser visto, dividido em 09 clipes, no youtube.

Lei de Talião

Ao contrário do que se pensa não é uma lei ou código de leis, mas um princípio. A lei de talião é resultado de uma expressão latina, Lex Talionis: lex: lei e talis: tal, parelho. Consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Esta lei é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente. Os primeiros indícios deste princípio foram encontrados no Código de Hamurábi, em 1780 a.C., no reino da Babilônia. Essa lei permite evitar que as pessoas façam justiça elas mesmas, introduzindo, assim, um início de ordem na sociedade com relação ao tratamento de crimes e delitos, "olho por olho, dente por dente". Escreve-se com inicial minúscula, pois não se trata, de nome próprio. Encerra a idéia de correspondência de correlação e semelhança entre o mal causado a alguém e o castigo imposto a quem o causou: para tal crime, tal pena. O criminoso é punido taliter, ou seja, talmente, de maneira igual ao dano causado a outrem. A punição era dada de acordo com a categoria social do criminoso e da vítima.

Quem é Mário Curtis Giordani

Mário Curtis Giordani nasceu em 1921, em Viamão, RS. Cursou Filosofia (1941) e Teologia (1943) no antigo Seminário Central de São Leopoldo, RS. Bacharelou-se em Letras Clássicas (1948) pela Universidade Católica do Rio Grande do Sul (atual PUC), licenciou-se em letras Clássicas (1949) pela Universidade Católica do Rio de Janeiro (atual PUC). Bacharelou-se em Direito (1955) pela Faculdade de Direito de Niterói. Lencionou a partir de 1953 na antiga Faculdade Fluminense de Filosofia da UFF, como titular de filosofia, até 1977. É titular de Direito Romano na Faculdade de Direito da Universidade Cândido Mendes (UCAM), Rio de Janeiro, onde leciona desde 1959. A foto, de 2009, é do jornal on-line a Voz da Serra. Seu livro, História da Antiguidade Oriental, da editora Vozes, é uma das referências básicas na disciplina de História Antiga I, no Curso de História da UCDB.